Postado em 10/10/2019
O
cigarro é responsável por 30% de todas
as mortes por câncer — esse índice sobe para 80% especificamente entre os
tumores de pulmão. Ainda assim, a doença
não é uma exclusividade dos fumantes.
Com a queda nos índices de tabagismo, é natural que a porcentagem de pacientes
com câncer de pulmão não relacionado ao cigarro aumente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a poluição ambiental como fator carcinogênico. E é muito difícil
saber quais casos estão relacionados à poluição ambiental e quais estão
relacionados ao cigarro. Mas a poluição certamente tem um papel grande nisso.
É notório que o gás radônio é um fator
bem estabelecido para câncer de pulmão. É um gás que não tem cheiro e não
tem cor. Mas é um fator importante e está espalhado.
A exposição ao asbesto (amianto) é outro risco. Além de causar mesotelioma, um tipo raro de câncer, quando
associado ao tabaco, o asbesto aumenta
muito o risco de câncer de pulmão.
O fato de a pessoa ter feito alguma radioterapia na região do tórax é outro ponto a considerar. Quem tratou
um linfoma ou recebeu radioterapia na adolescência ou infância para alguma
doença tem uma maior probabilidade de
desenvolver câncer de pulmão décadas depois.
Há pesquisadores tentando estabelecer algumas relações com alimentação, mas
isso é superdifícil de documentar. Temos evidências limitadas em relação a
carne processada, carne vermelha e bebida alcoólica e o câncer de pulmão. Mas é uma possibilidade. Para o câncer
colorretal, as pesquisas são mais sólidas.
E existem evidências bem limitadas de que aumentar consumo de vegetais e fazer
atividade física reduz o risco de câncer de pulmão. Mas isso também não está
definido.
Falta informação até para os próprios médicos desconfiarem do tumor em não
fumantes. Infelizmente, isso pode atrasar o diagnóstico, o que faz a doença
evoluir e ter uma característica mais agressiva.
Do ponto de vista psicológico, o paciente fica mais perplexo. É uma surpresa
para todo mundo e o câncer de pulmão em não fumantes tende a acometer os mais jovens. O fumante, por sua vez, carrega um
pouco de culpa, o que também não é bom.
Hoje, todo paciente com um câncer de pulmão de células não pequenas (o subtipo
mais comum) deveria passar por uma
avaliação molecular para verificar características da própria doença. Isso
faz parte do protocolo de definição do tratamento, mas nos pacientes mais
jovens e não fumantes, há uma chance
muito maior de o câncer possuir certas alterações que os tornam candidatos
à chamada terapia-alvo, um tipo de tratamento moderno.
Quando há uma mutação do gene EGFR na célula tumoral presente, o tratamento não
deveria ser feito com quimioterapia ou imunoterapia, e sim com terapia-alvo. Em
geral, são comprimidos que agem nesse EGFR e que são mais eficazes que a
quimioterapia, além de menos tóxicos.
Pois bem: em um tabagista pesado, a chance de ter esse tipo de mutação é menor do que 5%. Agora, se for um
paciente que nunca fumou, a
probabilidade é de quase 50%. É uma mudança muito grande e mostra que tratam-se
de doenças diferentes.
O ASSIM
SAÚDE traz informações
importantes para você sempre ficar atento à saúde.